sexta-feira, maio 15, 2009

Ensaio Sobre a Cegueira

Mais um filme de Fernando Meireles, desta vez baseado no romance de José Saramago “Ensaio sobre a Cegueira”.

Este filme começa quando a meio da confusão de trânsito um habitante oriental, ao querer arrancar com o carro nos semáforos, depara-se com uma estranha e repentina cegueira.

“Auxiliado” por um dos transeuntes, foi deixado à porta do prédio onde morava, tendo-lhe sido roubado o carro. Daí em diante novos casos da mesma doença vão surgindo, tornando-se assim num caso de doença contagiosa, levando o governo a tomar medidas. Medidas essas tomadas precipitadamente, quanto a mim, sem pensar nas consequências de tal resolução, uma vez que a cidade inteira foi tomada pela estranha doença.

Penso que podemos tirar deste filme algumas ilações.

Em primeiro lugar, a forma como as pessoas foram atiradas para aquele lugar – julgo ter sido um antigo manicómio – como se fossem bichos, sem sequer pensarem que todos eles eram cegos e que não se podiam valer por si sós.

Em segundo lugar, o que podemos assistir durante a estadia das pessoas naquele abrigo, foi a luta pela sobrevivência, a lei do mais “forte” e ao mesmo tempo, a usurpação dos bens uns dos outros, julgando-se com o poder na mão. Como diz o dito “em terra de cego, quem tem olho é rei”, podemos ver aqui dois tipos de visão: 1.ª – a visão calculista e usurpadora do cego de nascença que, habituado à cegueira, se aproveitou disso para “viver” à custa daqueles que perdendo a visão de repente, não sabiam por onde e como andar; 2.ª – a visão natural da única pessoa que não foi atingida pela doença. Essa personagem que, correndo o risco de cegar, não quis deixar o marido ao abandono e que foi os olhos de todos aqueles que não podendo contar com mais ninguém, estavam dispostos a tudo para sobreviver.

Por último, o Governo não pensou que, sendo uma doença altamente contagiosa, de nada valia o “encarceramento” dessas pessoas, porque de qualquer maneira todos iriam ficar contagiados, o que acabamos por ver quase no final. Uma cidade fantasma, cujos habitantes mais parecem uns zombies do que seres humanos, vagueando sem saberem para e por onde.

Passando da ficção para a realidade, penso que este filme também nos pode alertar para os perigos que todos nós corremos, nesta altura em que se luta contra os degelos e a poluição, uma luta pelo Ambiente. Na minha opinião não estamos livres de, de um momento para o outro, nos aparecer uma epidemia como a do filme. Aliás, já se vão vivendo momentos de susto!

Actualmente, na minha opinião, já se vive num mundo de cegos. Um mundo em que os governantes fazem o que querem, passam por cima de quem quer que seja, oferecem e prometem mundos e fundos para garantir o lugar. Digo que estamos num mundo de cegos, porque quando chegam as eleições é só oferecer uma colher de café, que toda a gente muda logo de opinião.

Voltando ao filme, gostei muito de ver. Estão de parabéns o autor do livro e o realizador do filme.

sexta-feira, maio 08, 2009